Desde o antigo Egito havia a necessidade de se ter um material com uma boa resistência para suas construção, e ao longo do tempo com o avanço da tecnologia esse material foi passando de gesso, solos vulcânicos até chegar em 1786 quando o inglês John Smeaton, conhecido atualmente com o “Pai da Engenharia Civil” através da calcinação de calcários moles e argilosos criou um material altamente resistente, marcando assim o primeiro passo para o que conhecemos e utilizamos hoje como Cimento Artificial.
John Smeaton – Pai da Engenharia Civil
Passando por experimentos parecidos pelo Francês Vicat em 1818 com argila e calcário, o cimento chegou aos moldes mais próximos dos atuais quando em 1824 o construtor Inglês Joseph Aspind resolveu queimar o calcário e argila transformando-as em um pó fino. Percebeu ao secar que a mistura possuía uma resistência comparada com as rochas as quais eram aplicadas nas construções da época e não se dissolvia com água. No mesmo ano essa mistura foi patenteada com o nome utilizado até hoje: Cimento Portland. A origem do nome vem justamente da semelhança das características com as rochas da Ilha de Portland no Reino Unido.
Ilha de Portland, Reino Unido
Por ser um material que possui um fácil manuseio na elaboração de estruturas mais complexas, o cimento é atualmente o material mais produzido pela humanidade e o segundo mais consumido, perdendo apenas para a água. No Brasil não é diferente, possuímos cerca de oito tipos de cimentos, sendo desses três especiais. E com tanta variedade no mercado temos que saber os diferenciar para aproveitar ao máximo suas propriedades em suas aplicações previstas.
De maneira geral o Cimento Portland é uma mistura composta por Clínquer e Gipsita, sendo o Clínquer pequenas “bolinhas” com diâmetro entre 5 e 25mm produzida pelo aquecimento de misturas pré-determinadas a altas temperaturas. De forma mais esquemática o Clínquer é composto por Calcário e Argila levado a altas temperaturas. Já a Gispita é adicionada à mistura para poder aumentar o tempo em que o cimento endurece, conhecido no meio da engenharia como tempo de pega, para assim ter um melhor manuseio.
Tipos de Cimento Portland:
Cimento Portland Comum CP I e CP I-S (25, 32 e 40) (NBR 5732)
Esse tipo de cimento não possui qualquer tipo adição além do gesso para retardar o tempo de pega como dito anteriormente. Antes recomendado para contruções de contreto esse tipo de cimento já encontra-se muito pouco utilizado, sendo apenas 1% do volume de cimento consumido no país. O mercado também oferece o Cimento Portland Comum com Adição (CP I-S), o qual possui 5% de material pozolânico na sua massa que possui menor permeabilidade.
Os valores em parênteses são as medidas de resistência que o cimento devem ter em uma tempo especificado na norma.
Cimento Portland Composto CP II-E (25, 32 e 40) (com adição de escória granulada de alto-forno) (NBR 11578)
Além da composição básica, possuem adição de outro material, nesse caso a escória granulada de alto-forno o que confere a propriedade de baixo calor de hidratação. Seu uso é recomendado em estruturas que exijam um desprendimento de calor razoavelmente lento ou que possam ser afetadas por sulfatos.
Cimento Portland Composto CP II-Z (25, 32 e 40) (com adição de material pozolânico) (NBR 11578)
Possuem adição de material pozolânico entre 6% e 14% de massa o que confere ao cimento menor permeabilidade, consequentemente mais durável. Seu uso é recomendado para obras civis em geral, subterrâneas, marítimas e industriais, onde haja presença de água.
Cimento Portland Composto CP II-F (25, 32 e 40) (com adição de material carbonático – fíler) (NBR 11578)
Cimento composto com adição de 6% a 10% de material carbonático (fíler) em massa. É recomendado para uso em gerais, desde de estruturas de concreto aramado até argamassas assentamento e revestimento, contudo, não é indicado para aplicações em meios agressivos.
Cimento Portland de Alto Forno CP III (25, 32 e 40) (NBR 5735)
O Cimento de Alto Forno possui adição de 35% a 70% de massa de Escória conferindo propriedades como maior impermeabilidade e durabilidade, baixo calor de hidratação, alta resistência à expansão, além de ser resistente a sulfatos. É menos poroso e mais durável. É indicado para usos gerais, mas possui maior vantagem em obras de concreto-massa como pavimentação, pistas de aeroportos, barragens, esgotos e efluentes industriais, etc.
Cimento Portland Pozolânico (25 e 32) CP IV (NBR 5736)
O CP IV contém adição de pozolana entre 15% a 50% em massa. Tal alto teor de pozolana confere alta impermeabilidade, logo, maior durabilidade, ao cimento. O concreto tendo o CP IV como base possui uma resistência mecânica à compressão superior ao concreto de cimento Portland comum à longo prazo. Seu uso é mais indicado em obras expostas à ação de água corrente e ambientes agressivos.
Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (7d – 34) CP IV (NBR 5733)
Assim como o CP-I, não possui adições. A diferença encontra-se na dosagem do clinquer, fazendo com que possua uma moagem mais fina. Essa diferença é a que confere ao cimento uma alta reatividade nas primeiras horas de aplicação, fazendo assim, atingir altos índices de resistência, como 34Mpa em sete dias. Seu uso é indicado em obras que exijam deforma rápida do concreto.
Cimento Portland Branco CP B (NBR 12989)
Cimento Portland Branco Estrutural
A principal característica é sua cor branca, diferente de todos os outros cimentos. Sua cor é conseguida através da adição de manganês e ferro e a utilização do caulim no lugar a argila. Seu uso é indicado para rejunto de cerâmicas e não estrutural. Esse cimento possui um tipo estrutural porém não é tão recomendado por ter uma alto custo.
Como pudemos reparar, as diferenças dos tipos de cimento estarão justamente no sua composição, dando para cada tipo uma propriedade de destaque diferente, como resistência, impermeabilidade, durabilidade, sendo cada tipo mais interessante para um mercado diferente. Mas de modo geral o mais importante na hora de comprar é a resistência que aparece na embalagem do cimento, o valor mostrado é o número de MPa que o cimento ira ter após 28 dias quando dosado da exata maneira como instruído.